
14 Ene Revista Marxismo Vivo – Português N° 7
O número anterior da revista Marxismo Vivo (o N° 6) esteve dedicado a analisar o Brasil e o governo Lula no marco da situação mundial. Este novo número da revista tem a mesma temática que a anterior. Esta “repetição” temática, que não é normal no padrão da revista Marxismo Vino, tem a ver com o fato de que o processo brasileiro se transformou em uma referência obrigatória, não só para a esquerda como também para a maioria das organizações políticas do mundo.
Há alguns meses, Lula encabeçou uma pesquisa sobre as preferências para presidente. Isto não teria nada de especial se não fosse o fato de que o país onde se realizou a pesquisa não era o Brasil e sim a Argentina. Por outro lado, nesse mesmo pais, nas recentes eleições para presidente, houve uma acirrada disputa entre boa parte dos candidatos da burguesia para ver quem elogiava mais a Lula. Não é para menos já que o governo Lula está conseguindo fazer o que não conseguiu nenhum dos últimos governos burgueses: a reforma da Previdência, como início de um plano mais geral de reformas direcionadas a “modernizar” o Brasil. (leia-se integrar ainda mais o Brasil ao mundo “globalizado”, controlado pelos imperialismos americano e europeu).
Entretanto, os trabalhadores brasileiros olham atónitos o curso de um governo que eles acreditavam ser de “mudanças”. Entre eles já existe uma parcela importante que deixou de olhar o governo e passou a enfrentá-lo.
No entanto, a maioria da esquerda, em todo mundo, que em um primeiro momento apoiou incondicionalmente o governo frente populista de Lula, agora começa a ver suas debilidades, porém não perde a esperança de mudar o governo por dentro. São os teóricos de que este seria um “governo em disputa”. Esta posição tem como seu máximo defensor o SU (Secretariado Unificado da IV Internacional), que integra o governo de Frente Popular brasileiro.
Ninguém estava tão iludido a ponto de pensar que Lula levaria o Brasil ao socialismo, porém, a maioria da esquerda esperava que, no que se refere às questões sociais, o governo de Lula fosse um pouco melhor que o de Fernando Henrique Cardoso. No entanto, isto, que parecia algo óbvio, não está sendo assim. E que na atual situação da economia mundial e nas atuais relações internacionais, para que em uma semicolonia como o Brasil se consiga alguma melhora substancial no nível de vida da população é necessário adotar medidas revolucionárias de enfrentamento contra os amos imperialistas e isto o governo Lula não está disposto a fazer. Daí que não se pode entender a realidade brasileira separada do contexto internacional, e daí a importância que damos nesta revista a tudo o que se refere à situação mundial.
Entretanto, é necessário recordar que o marxismo não nasceu para contemplar a realidade e sim para tentar transformá-la. Nesse sentido, o grande dilema que se apresenta à esquerda revolucionária é: que fazer ante o governo de frente popular? E este é justamente o terceiro grande tema abordado neste N° 7 da revista Marxismo Vivo.
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