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14 Ene Revista Marxismo Vivo – Português N°8
Entregamos ao leitor uma revista Marxismo Vivo especial: quase totalmente dedicada à revolução boliviana de outubro de 2003. A este tema só agregamos uma análise do momento atual da resistència iraquiana e a segunda parte do artigo de James Petras sobre o governo de Lula e as perspectivas do Brasil. A opção de fazer esta edição se deve à urgente necessidade de aproveitar as profundas lições da revolução boliviana e faze-las chegar à vanguarda latino-americana e mundial.
A vitória da insurreição de outubro na Bolivia põe a revolução em nosso subcontinente em um novo momento assume uma cara urbana, onde a classe trabalhadora, com seus organismos e métodos de luta, volta a acaudilhar o conjunto da população pobre contra o imperialismo e a burguesia. Esta, incapaz de garantir a independencia nacional, se associa ao imperialismo na colonização da Bolivia. A revolução social e a liberação nacional se unem em uma mesma torrente revolucionária, cujos protagonistas têm as mãos calosas dos operários e camponeses pobres.
O outubro boliviano também foi uma insurreição operária clássica: o chamado a uma greve geral insurrecional em poucos dias deixou o país paralisado e desabastecido, A tomada do poder pelos trabalhadores voltou a estar presente como tarefa cotidiana da classe operária e de suas organizações. Clássica também foi a centralização do comba te a partir da COB, que foi o poder alternativo ao Estado burgues.
Desde o ano 2000, na América Latina, todas as revoluções se enfrentaram com o Estado burguês em sua forma atual, que é a “democracia burguesa colonial”. Todas as revoluções derrubaram governos “democráticos” e inclusive no Equador tomaram o poder por algumas horas, mas sua direção o entregou aos inimigos, confiando no jogo da “democracia”. Dessa forma, a institucionalidade burguesa, “democrática”, que foi desafiada e derrotada por essas insurreições, voltou a impor-se.
Hoje, as principais direções do movimento boliviano, o governo de Mesa, a embaixada norte-americana, a OEA, todos sem exceção, apostam no jogo da “democracia” e no chamado a uma “Assembléia Constituinte”. A história das revoluções está repleta de derrotas diante da “democracia”. Há dezenas de revoluções vitoriosas que enfrentaram contragolpes e invasões militares estrangeiras, mas há somente uma revolução vitoriosa contra o regime democrático burgués: a revolução russa de outubro de 1917. O segredo dessa vitória foi a existência de uma direção revolucionária que não titubeou em destro çar o aparato do Estado burguês com sua forma “democrática” e não teve dúvidas em substitui-lo por um órgão de poder dos trabalhadores e do povo, os “soviets”
Mas os trabalhadores do continente cos pobres em geral vão aprender, a duras penas, que a maquinaria da contra revolução tem a cara da “democracia”. Vão aprender que todo Estado é uma máquina de repressão e que a república burguesa mais democrática é uma máquina para a repressão do proletariado pela burguesia. Inclusive, as pessoas do povo começam a se perguntar: “O que a democracia nos deu?” Nada. Pelo contrário, nos tiram a terra, o emprego, a soberania e a vida para nos sacrificar no altar do mercado e da democracia colonial dos ricos.
O outubro boliviano demonstrou que a revolução socialista não é uma utopia. A tomada do poder está ao alcance da mão. As massas insurgentes fizeram tudo o que estava a seu alcance. A vanguarda revolucionária na Bolivia e no continente, se avança na construção de uma direção revolucionária, poderá fazer o que as massas, sozinhas, jamais poderão fazer: tomar o poder e iniciar a construção de um Estado dos trabalhadores e do povo. Coisa que só poderão conseguir se agem de acordo com a bandeira de Karl Marx: “Nosso terreno não é o terreno do Direito, é o terreno da revolução”.
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