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14 Ene Revista Marxismo Vivo – Português N° 18
Esta nova edição da Masarme tivo trata centralmente de um tema que ocupa as principais páginas dos jornais e revistas de todo o mundo: a chamada “crise dos alimentos”
Colocamos esta expressão entre aspas porque na verdade, para ser rigorosos, tal crise não existe. Chegará o dia em que o planeta Terra não terá mais capacidade de produzir alimentos suficientes para todos seus habitantes e aí sim poderemos falar, com mais rigor científico, de uma crise dos alimentos, sem aspas. Mas esse momento ainda está muito longe. Em nosso planeta, a produção de alimentos é superior ao crescimento populacional. No entanto, isto não acarreta uma redução da fome. Ao contrário. As massas famintas não param de aumentar. Então, para ser estritos, não estamos face a uma crise de alimentos. Estamos face a uma já conhecida e antiga crise do capitalismo, um sistema que controla a produção e comercialização dos alimentos e mostra-se incapaz de resolver o problema mais elementar do planeta: alimentar a raça humana.
E desde esse ponto de vista, do controle dos monopólios capitalistas dos alimentos, que é abordada nesta edição a chamada “crise dos alimentos”.
Também nesta edição abordamos outro tema que é subproduto do anterior: o conflito agrário argentino, um pais no qual estão resumidas todas as contradições que assinalamos anteriormente.
A Argentina já foi um pais onde existia uma população com um nível de alimentação similar aos países do primeiro mundo. Hoje, pelo contrário, cerca de cinco milhões de pessoas não conseguem alimentar-se corretamente. Falta de alimentos? Nada disso. A Argentina produz alimentos para 450 milhões de pessoas, sendo que tem uma população de 40 milhões. Ocorre que a maior parte do que é produzido é destinada à exportação e dessa forma uma minoria privilegiada de capitalistas, nacionais e estrangeiros, enriquecem-se à custa da fome de uma importante parcela do povo argentino. É nesse contexto que se dá uma rebelião no campo, tratada em profundidade nesta nova edição da Maume Vivo. O leitor menos informado possivelmente pensará que a rebelião argentina é similar às que ocorreram recentemente em outros países, como foi, por ejemplo, o levante das massas famintas no Haiti. Mas não é assim.
O tema que tratamos nesta revista não é uma rebelião dos famintos argentinos, mas uma “rebelião dos ricos”, isto é, daqueles que se enriquecem produzindo e exportando alimentos.
Dentro deste contexto esta revista também aborda um importante debate que está polarizando a esquerda argentina em torno a questão de apoiar ou não este novo tipo de rebeliões.
A propósito da crise do capitalismo, agora expressada na crise dos alimentos, Trotsky dizia em seu Programa de Transição que a crise histórica da bumanidade reduse à crise da direção revolucionária. Este debate no interior da esquerda revolucionária argentina não faz mais que confirmar esta caracterização.
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